A vida de um mágico e equilibrista

Show de mágicas durante o espetáculo.

Rodrigo da Silva Marinho, de vinte e sete anos, é equilibrista e mágico. Nascido em uma família tradicional do circo, começou a trabalhar no picadeiro com dez anos.
O circense diz que resolveu seguir a carreira no circo porque quando era criança sempre estava viajando –Eu nasci em Campinas, mas nunca morei em lugar nenhum, sempre estive viajando– então era difícil sair do circo para seguir outra profissão – Meu pai e minha mãe não eram tradicionais de circo, eles entraram já mais velhos, eu e meu irmão já nascemos no circo, meu irmão hoje já não está mais no circo, ele trabalha com outra área. Em dois mil e sete nós fomos para um circo fixo em São Paulo, ai eu comecei a fazer faculdade, mas eu tive que parar porque eu tive que viajar de novo.
Rodrigo conta que se não fosse circense ele não sabe em que direção seguiria, pois começou a faculdade de Educação Física porque está relacionado ao trabalho no circo, segundo ele, é uma área que se identificou por uma vida inteira estar fazendo atividade física.
Mas é uma coisa interessante, eu não tenho como saber se é ruim, se é bom, porque nós já nascemos nesse meio, é diferente de quem mora em casa e depois entra, você vê a diferença, para nós que sempre vivemos assim, isso é comum. Eu acho legal, tem o lado positivo e o lado negativo, nós viajamos bastante, conhecemos muitas pessoas, muitas coisas, é bem legal. A gente tenta sempre passar para o público a nossa arte, uma energia boa, e nós sempre que estreamos em uma praça nova, é uma energia nova e é um ânimo novo.

Equilibrando-se em cima de uma tábua e um cilindro.
O equilibrista, que em dois mil e três foi o vencedor do quadro do programa do Faustão Se vira nos 30, com um número de equilíbrio, revela como é o dia a dia de sua profissão –É legal, é bem gratificante, é uma coisa que eu gosto muito pelo fato de não ser sempre a mesma coisa, então todo dia você tem que entrar muito concentrado, porque é arriscado. Hoje eu treino de duas a três horas por dia, mas tem vários números diferentes no circo, e cada número exige um tempo certo de treino, depende de quem faz, número de força tem um certo tipo de treinamento, por exemplo, mágica já tem outro tipo de treinamento, muda bastante o tempo e a intensidade dos treinos. Com relação à alimentação, a gente tenta ter uma alimentação balanceada, devido a fazer atividade física e também pra nos manter saudáveis, como tem bastante show, a gente tem que estar com uma energia boa.
O artista diz que o papel de um mágico é ainda mais complicado, porque tem mágicas que só podem ser usadas com público de frente, e outras que se pode usar público nas laterais também, então depende muito do ambiente e do público alvo –Tem algumas mágicas que são tradicionais, e a gente costuma fazer, mas nós tentamos mudar, assim como em todo espetáculo. Nós mudamos as mágicas dependendo do público e do lugar onde estamos trabalhando.
No número de mágica se tiver algum erro é um pouco complicado, porque você está enganando o público, então eles recebem isso de uma maneira diferente. Por exemplo, no número de equilíbrio se nós erramos, o público fica até meio preocupado, porque é uma coisa mais perigosa, mas se formos novamente e acertarmos, eles ficam doidos.
O mágico expressa naturalidade ao falar sobre aposentadoria –Ah, eu acho que a gente se aposenta do picadeiro, né?!– ele diz que existem outras funções, que não são no picadeiro, que podem ser exercidas até por pessoas de mais idade –Acho que sair do circo é um pouco difícil pra quem já nasceu no circo, pode estar fora da lona, mas está fazendo alguma coisa sempre relacionada com isso, com esse meio artístico.

Rodrigo: Concentração, treinamento e equilíbrio.

Nós gostamos quando o público aplaude. Quando nós recebemos o calor do público, nós sabemos que estamos sendo valorizados. Acho que o aplauso é a prova de que nós estamos fazendo um bom trabalho, quando nós estamos passando uma coisa legal para o público que vem nos assistir, então eu acho que quando eles aplaudem é uma coisa que vale a pena pra nós artistas.
Para o mágico e equilibrista viver é... ser feliz.